sábado, 16 de julho de 2011

Diário de bordo (04) - Semana das Artes do Corpo

Sempre percebemos a influência e a relação existente entre o LARP e vários tipos de manifestações artísticas. Quando começamos a formatar o NpLarp, pensamos em iniciar uma discussão que aproveitasse estas relações para a identificar as fronteiras entre estas manifestações e o LARP. Conversamos com amigos e conhecidos que faziam teatro, artes visuais, dança... para conseguir perceber de forma mais efetiva estas relações.

E foi assim que entramos em contato com a Natascha Zacheo, estudante do curso Comunicação das Artes do Corpo, da PUC-SP. Em meio a uma destas conversas fomos convidados a visitar a "Semana das artes do Corpo", no TUCA, que ela estava ajudando a organizar e na qual também se apresentaria.
Fomos, assistimos (e participamos) e fizemos nossa reunião. Segue o relato sobre esse dia.

29 de junho, chegada por volta das 14hs: Semana das artes do corpo - TUCA
DANÇA(?!)


Após alguma espera, as portas do teatro foram abertas e nos deparamos com um espaço muito interessante, com um palco redondo cercado por cadeiras, formato arena (e logo pensamos na possibilidade de fazer um LARP em um espaço como aquele). A Natascha apresentou um trabalho chamado "Interferências". Falando o tempo todo sem qualquer solenidade, ora para explicar os procedimentos, ora (aparentemente) só por falar, ela realizaria uma série de movimentos do que ela chamou de "meu tema", mas como o próprio nome sugeria, os -até então- espectadores poderiam interferir na performance, isso poderia acontecer tanto com comandos vocais quanto com ações físicas. Alguns trechos teriam música e outros não, um rádio ao lado do palco estava disponível para que a platéia colocasse algumas músicas também.

Não sei se precisamos dizer, mas não foi exatamente o que se costuma entender por "dança". Era interativo, de certa forma participativo e a linguagem corporal também não era algo comum. Desta forma, já começamos a nos preparar com outro olhar para o que viria a seguir.


O próximo foi um experimento com um elástico, onde, por 30 minutos a artista estava tentando construir uma linguagem utilizando esse equipamento. Em seguida passamos por um happening no qual nossos sapatos foram sequestrados e tivemos que andar descalços por metade da PUC para recuperá-los. Então, chegamos na experiência que mais estranhamos naquela tarde, um casal ficou durante toda a apresentação andando do fundo até frente, e vice-versa, de uma sala, enquanto faziam seus corpos mostrarem uma total inconsistência de movimentos, na verdade não sei exatamente como explicar, mas foi totalmente estranho ao nosso vocabulário. No final rolou um debate e o casal disse que estavam tentando traduzir o ciclo do que é infinito e inconstante, talvez não entender fizesse parte.

Mas ficou claro que a finalidade dessa Semana não é mostrar uma obra acabada e sim elementos que podem se traduzir no produto final, alimentando a discussão e a reflexão sobre as artes do corpo.
Após passarmos por essas novas experiências, e ficarmos com um ponto de interrogação enorme sobre o que deveríamos ter entendido das apresentações, decidimos conversar um pouco sobre o projeto, enquanto esperávamos pela última apresentação da Natasha naquele dia.


DANÇA + LARP
Como viríamos a esta apresentação de artes do corpo, começamos a pensar a dança relacionada ao LARP. Vimos um vídeo do Knudepunkt de 2011 (compartilhado abaixo) e os participantes tiveram aula de dança. E claro que nossas mentes já viajaram na idéia. Foi pensado o Coco de Roda, um estilo de dança no qual as pessoas interagem umas com as outras quase como uma brincadeira. E desta forma eu e o Cauê começamos a pensar em uma dinâmica que poderia relacionar a dança com um dos LARPs que serão realizados no projeto. Mas isso ainda é apenas uma idéia.


Knudepunkt 2011 recap from Nordic Larp on Vimeo.

WORKSHOPs

Levantamos novamente a questão dos Workshops, alguns temas foram discutidos para esta realização: Teatro físico, Linguagem corporal, Roteiro para novas mídias, Game design, RPG Indie, Teatro experimental e Sonoplastia (e quem sabe um workshop nosso, para introdução ao LARP). Todos relacionados ao mundo do LARP, claro. Neste contexto surgiu mais uma referência visual para vermos, o blog da Anna Bee, ligado a discussão de roteiro para novas mídias e ARG. ( Anna Bee é uma ficção meio folhetinesca cujo principal suporte é um blog. Aparentemente é realizado pela MTV Brasil e nós ainda estamos tentando entender exatamente do que se trata. )
O primeiro Workshop ocorre agora em Julho, e estávamos definindo qual tema. Definimos por Teatro Físico com Lion Santiago, e pensamos em um título mais ou menos assim: Máscara e Tipo: da Comédia Del'arte à arte participativa. O workshop terá relação com o o teatro de máscaras, com elementos dessa linguagem que vez desde o ritual e passam pela Comédia Del'Arte. Falamos rapidamente sobre os tipos de máscaras e suas complexidades e como referência foram citadas as máscaras de papel de pão de Saul Steinberg. Mas precisávamos pensar e definir, quando, onde, como isto iria acontecer e como faríamos a divulgação deste workshop.

Algumas máscaras de Saul Steinberg. Poderosas e, na teoria, fáceis de fazer.
Até onde sabemos, não tem muito a ver com o teatro de máscaras, mas parece uma possibilidade muito interessante para o LARP.


LARP ++
Pensamos ainda sobre que artigos, pesquisas, traduções e estudos pendentes. Selecionamos, inicialmente, os LARPs que importaremos para a realização no projeto: Tango for Two e Good Night Darlings. E ainda sobre conceitos como mímese, diegese, deus ex machina, dentre outros que precisam ser abordados no NpLarp, e falamos a respeito um possível vídeo de divulgação do LARP.
Em meio a esta conversa já estávamos próximo do horário da última apresentação da Natasha naquela noite. Seguimos para o espaço em Arena e nova apresentação começou, desta vez com uma coreografia em sequência, bem mais comum aos nossos olhos. Ao final a professora falou sobre a apresentação e questões relacionadas ao estudo da arte do corpo e assim seguimos para as nossas casas, com as cabeças repletas de novos questionamentos.
por Erika Bundzius
com a contribuição de Cauê Martins e Luiz Falcão

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